Primeiro Round: O Começo

9 de maio de 2010
Decidi fazer um diário contando o desenrolar do meu time de coração, o Fluminense Futebol Clube, pelos olhos da torcida, porque afinal é pela torcida que o time se move, e que melhor jeito de analisar o rendimento de um time se não pelos padrões que estão em seu âmago de driblar, correr, comemorar?
Os gregos devem ter chorado muito ano passado. Acreditando que o mundo real não era real, e que a única coisa de fato perfeita e portanto real seria a matemática, eles devem ter se decepcionado muito uma vez que o Fluminense provou o quanto a matemática é ineficiente quando se envolve a garra e o espírito guerreiro na equação. Dando a maior arrancada da história dos Campeonatos Brasileiros, conquistando sete vitórias e dois empates nos últimos nove jogos de 2009, o Fluminense se livrou do rebaixamento que muitos afirmavam já ser certo desde a metade do campeonato. Contando com um apoio sem igual da torcida, que lotou os estádios em todos os jogos, dentro ou fora de casa, o time que foi apelidado de ‘time de guerreiros’ ainda foi vice-campeão da Copa Sul-Americana e animou até muitos comentaristas, que se surpreendiam com os resultados positivos consecutivos. Na época, o técnico Cuca superou toda desconfiança e superou as mais esperançosas expectativas.
Este ano, o Campeonato Brasileiro começa de uma maneira diferente. O time praticamente se manteve o mesmo, com escassas exceções, como o atacante Maicon, que foi para o Lokomotiv da Rússia, mas o rendimento em campo tem sido instável. Todos os jogadores mais fracos das temporadas anteriores foram dispensados ou negociados, e para suas posições contratados jogadores que se destacaram pelos seus clubes anteriores, como Julio César, lateral-esquerdo do Goiás, e Everton, segundo volante do Barueri (agora Grêmio Prudente). Ainda assim, reforços fazem-se necessários, e a diretoria busca a contratação de jogadores de ponta para a disputa pelo topo da tabela esse ano. A comissão técnica também foi modificada, com Cuca sendo demitido pela diretoria pelo insucesso no Campeonato Carioca, ainda que seu rendimento no comando do time fosse algo espantoso para os padrões brasileiros. No seu lugar, chegou há poucas semanas o tricampeão brasileiro no comando do São Paulo, Muricy Ramalho, conhecido pelo seu temperamento esquentado e alto grau de profissionalismo, o que pode acarretar em altas mudanças no estado do CT tricolor.
Bom, o campeonato está para começar para o meu tricolor das laranjeiras hoje às 18h30 no estádio do Castelão, no Ceará, contra o Ceará, recém-promovido à Série A. Ainda faltam algumas horas, e tudo que resta agora é esperar.
...
“São trinta e oito decisões”, assim afirma o técnico Muricy. Os resultados positivos individuais realmente são o que vai garantir um título no conjunto, espero de verdade que seja isso que o Fluminense busque nas partidas, com a mentalidade de vencer todas, ou o máximo possível, e dar o seu melhor. O Ceará vem de uma decepção no campeonato estadual, após ver seu rival Fortaleza ser tetracampeão cearense, enquanto o Fluminense vem de duas derrotas e eliminação pro Grêmio na Copa do Brasil, ou seja, ambos buscam uma compensação neste jogo, veremos quem merece mais dentro de campo durante o jogo.
CEARÁ 1 x 0 FLUMINENSE
CEARÁ: Diego; Diogo, Fabrício, Anderson, Thyago Fernandes (Ernandes); Michel, Heleno, Careca (Tony), Geraldo, Erick Flores (Clodoaldo); Misael. Técnico: P. C. Gusmão.

FLUMINENSE: Rafael; Gum (Leandro Euzébio), Digão, Cássio; Mariano, Diguinho, Marquinho, Julio César (Wellington Silva), Conca; Willians (Everton), André Lima. Técnico: Muricy Ramalho.

Árbitro: Paulo César de Oliveira.

Gols: 34’ Geraldo (1-0).

Cartões: Amarelos: Careca, Geraldo, Heleno [2], Michel (CEA), Mariano, Conca, Digão (FLU).
Vermelhos: Heleno (CEA), Cássio (FLU).

O jogo começa lento, com pouca atividade ofensiva, atacantes tímidos, mal tocam na bola, com o Ceará tendo muito mais posse de bola, porém sem objetividade.
Depois de não marcar falta em cima de Diguinho no meio de campo, na seqüência da jogada feita pelo Ceará, o juiz marca pênalti de Cássio em Geraldo e expulsa o zagueiro tricolor aos 33 minutos do primeiro tempo. É um absurdo, não era pra tanto, Cássio pegou primeiro na bola antes de derrubar o jogador cearense dentro da área. Completamente fora da realidade essa atitude do juiz, que, mesmo que marcasse a falta, dar o cartão vermelho direto é algo incompreensível. Lance polêmico.
Outro lance polêmico. O bandeirinha Edmilson Corona manda voltar o pênalti defendido por Rafael, alegando que o goleiro tenha se adiantado na cobrança da penalidade, o que de fato aconteceu, porém apenas após a paradinha do batedor do Ceará. Dessa maneira, é fácil demais. 1 a 0 Ceará, gol de Geraldo.
Ridículo, simplesmente ridículo. O mais impressionante é que pouco tempo antes, a torcida cearense ainda hostilizava o árbitro.
Para recompor a defesa, Muricy tira Gum, que caiu e disse estar com dor nas costas, para por Leandro Euzébio ao lado de Digão. Muricy errou ao barrar Everton, que realiza a função de marcação muito melhor que Marquinho.
O Fluminense erra muitos passes, de forma clamorosa, dificultando a construção de jogadas e a fluidez do jogo. O juiz ainda deixa de dar faltas a favor do Fluminense, o que dificulta mais, enquanto basta que um jogador alvinegro caia pra marcar a favor do Ceará.
Os próprios comentaristas Lédio Carmona e Kleber Machado comentam que o juiz errou ao não dar a falta em Diguinho (1), marcar o pênalti sem avaliar melhor (2), expulsar Cássio (3) e mandar o pênalti voltar depois do passe a frente do Rafael (4). Quatro erros num lance só, acho que esse juiz vai pontuar negativo no Cartola FC dessa rodada.
Entra Everton no lugar de Willians, bola dentro pro Muricy, pelo menos. Ainda falta uma peça mais ofensiva, como o meia argentino Equi González, que está no banco, e que poderia com toda certeza entrar no lugar de Marquinho, que está sumido no jogo, ou de Julio César, que está errando muito.
André Lima ainda não consegue render no ataque, chutando mal a gol, errando passes. Conca, que deveria ser a peça-chave tricolor, parece afoito, demonstrando uma certa ansiedade nos lances que tenta criar. Everton joga bem, não pode ser barrado nesse momento de forma alguma.
O Fluminense não ataca, chega de maneira muito fraca na frente e não cria jogadas de perigo para o Ceará. Precisava ter uma atitude como a que teve ano passado com o time de guerreiros. O Ceará também não ameaça, mas com a vantagem no placar, não precisa tanto assim.
O trio de arbitragem marca tudo no grito do técnico P. C. Gusmão e da torcida cearense, como o cartão amarelo pro Conca. A falta de preparo físico do time carioca é algo evidente no final da partida e precisa ser avaliada pela comissão técnica no quesito de condicionamento da equipe.
Aos 47 minutos do segundo tempo, enfim, o juiz expulsa o jogador Heleno, do Ceará, após dar uma tesoura no meia do Fluminense, Wellingotn Silva.
Termina o jogo, de maneira fraquíssima em termos técnicos e de habilidade, de ambas as partes. Uma estréia para se esquecer do ponto de vista da torcida tricolor, resta-nos apenas esperar para ver o que a diretoria fará durante a semana, e com a diretoria que nós, tricolores, sabemos que temos, isso é deveras preocupante.

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